segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Visita de Estudo: "Percurso pela Arquitectura Portuense: do Medievo ao Barroco"

No âmbito da disciplina de História da Cultura e das Artes, foi realizada uma visita de estudo a quatro igrejas paradigmáticas da cidade do Porto. O percurso serviu para conhecer exemplos notáveis da arquitectura religiosa da cidade, contemplando exemplos desde a época Medieval até à época Moderna, com particular incidência nos discursos Barrocos.
Após a visita, foi pedido aos alunos que realizassem um pequeno texto, onde falassem da Igreja ou Igrejas que mais os tinham marcado, procurando traduzir os valores sensoriais notados nesta (s). A ideia era, mais do que a simples produção de um texto criativo, que os alunos compreendessem qual o estilo que, de forma mais ampla e directa, mexia com eles: o Barroco. Desta maneira, os alunos conseguiram compreender, em nome próprio, as intenções de toda uma época, plasmadas na produção arquitectónica.


De seguida, serão apresentados dois textos da autoria de Maria Loureiro e Rita Ferreira, respectivamente, ambos sobre a Igreja de S. Francisco, obra arquitectónica de base Medieval mas fortemente alterada pela linguagem Barroca, nomeadamente na utilização da talha dourada no interior.





Durante a visita de estudo, fomos ver quatro igrejas diferentes. Destas, a Igreja de S. Francisco foi a que mais mexeu comigo.
Quando entrei e me deparei com a magnífica decoração exuberante e com a imensa talha dourada que cobria todo o interior da igreja, fiz uma expressão de surpresa, de choque, não estando à espera do que vi. A beleza desta igreja é indiscritível, existindo mesmo um 'horror ao vazio', chamando bastante a atenção de quem a observa, não deixando ninguém indiferente.
Isto fez-me entender o Barroco como um estilo poderoso e chamativo, marcado por uma forte profusão decorativa que pretende cativar pelos sentidos.
A visita foi bastante útil para nos ajudar a perceber tal estilo e para entendermos o que provoca em nós.


Maria Loureiro, 12º E


A visita de estudo realizada no dia 30 de Novembro de 2010 foi bastante produtiva. Visitamos quatro Igrejas: S. Francisco, Sé Catedral, Santa Clara e Colégio de S. Lourenço, todas na cidade do Porto.
Das quatro visitadas, a que mais me cativou foi a Igreja de S. Francisco, pois pareceu-me a mais exuberante e chamativa. A talha dourada no interior da Igreja remeteu-nos para um Barroco profundo e assumido, exuberante e luxuoso. Também gostei pela excessiva decoração, traduzida num "horror ao vazio".

Concluíndo, a Igreja de S. Francisco, a meu ver, remeteu-nos para um Barroco pleno que muito me cativou sensorialmente.


Rita Ferreira, 12º E





Imagens: Interior e  Fachada da Igreja de S. Francisco, Porto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

As Ordens Arquitectónicas Clássicas nos textos de Vitrúvio

Na História da Arquitectura, torna-se essencial o conhecimento das ordens arquitectónicas de matriz Clássica, tão utilizadas e revisitadas ao longo dos tempos. Por ordem Arquitectónica entende-se um conjunto de proporções, formas, dimensões e decorações que responde a um todo unitário. Existem três ordens gregas, a Dórica, a Jónica e a Coríntia, e duas romanas, a Toscana e a Compósita.
Desde sempre, a ordem Dórica foi relacionada com o homem, de carácter mais viril e robusto, e a ordem Jónica com a mulher, mais elegante e delicada. Vitrúvio, arquitecto e engenheiro Romano, autor de um muito importante Tratado de Arquitectura datado do século I a.C., contemplou uma série de estudos acerca das ordens Clássicas, referindo-se a esta significação masculina e feminina das ordens Dórica e Jónica, respectivamente.
De seguida, será apresentado um excerto do seu Tratado, no qual o teórico se refere a esta problemática.

“RELAÇÃO DA ORDEM DÓRICA COM O CORPO MASCULINO
Querendo eles colocar as colunas neste templo, não possuindo as respectivas comensurabilidades e procurando uma metodologia conveniente que lhes permitisse sustentar o peso e configurar uma manifesta elegância, mediram com exactidão a planta do pé viril e a reproduziram em altura. Tendo descoberto que o pé correspondia no homem à sexta parte da sua estatura, transferiram o mesmo para a coluna e, qualquer que fosse o diâmetro da base do fuste, elevaram-no seis vezes em altura incluindo o capitel. Deste modo, a coluna dórica começou a mostrar nos edifícios a proporção, a solidez e a elegância de um corpo viril.
RELAÇÃO DA ORDEM JÓNICA COM O CORPO FEMININO
Da mesma maneira levantaram depois um templo a Diana, procurando uma forma de novo estilo, com a mesma planta, levando para lá a delicadeza da mulher e dispuseram em primeiro lugar o diâmetro da coluna segundo a oitava parte da sua altura, a fim de que ela apresentasse um aspecto mais elevado. Na base colocaram uma espira imitando um sapato; no capitel dispuseram, à direita e à esquerda, volutas, como se fossem caracóis enrolados pendentes de uma cabeleira; ornamentaram a fronte com cimácios e festões dispostos como madeixas e por todo o fuste deixaram cair estrias como o drapeado das sobrevestes de uso das matronas. Assim, lograram a invenção de dois tipos discriminados de colunas, uma viril, sem ornamento e de aparência simples, a outra, com a subtileza, o ornato e a boa proporção femininas.”
Fonte: VITRÚVIO (trad. M. Justino Maciel) - Tratado de Arquitectura, Lisboa: IST Press, 2006





Mini Glossário de termos da Arquitectura | 11º E

No  estudo da Arquitectura Clássica Grega, torna-se indispensável compreender o significado dos vários termos arquitectónicos que vão surgindo ligados aos edifícios estudados e, sobretudo, às ordens arquitectónicas. Neste sentido, as alunas do 11º E, Renata Azevedo e Cristina Dinis, construíram um pequeno glossário com os termos mais significativos relacionados com a arquitectura Grega da época Clássica. De seguida, será apresentado um resumo dos termos mais importantes.

Glossário de termos de Arquitectura
Ábaco- Parte superior do capitel de uma coluna, sobre a qual assenta a arquitrave na arquitectura clássica.
Anel- Pequeno filete idêntico a uma argola que rodeia o fuste de uma coluna.
Arquitrave- Parte do entablamento imposta directamente sobre os capitéis das colunas.
Base- Zona inferior de qualquer construção ou elemento arquitectónico.
Capitel- Parte superior da coluna, da pilastra ou do pilar, constituído por ábaco e coxim, sobre o qual assenta a arquitrave ou o mainel de um arco.
Cela- Espaços fechados nos templos da Antiguidade onde se colocava a imagem da divindade.
Cimalha- Moldura com tanta saliência como altura, formada por dois arcos de circunferência, côncavo o superior e convexo o inferior, e que serve de remate da cornija.
Coluna- Elemento estrutural vertical de secção circular ou poligonal, composto normalmente por monolítico ou constituído por várias peças que individualmente se denominam tambores.
Cornija- Diz-se de uma das três ordens da arquitectura grega clássica. O fuste da coluna assenta numa base e é canelado, tendo em regra vinte e quatro caneluras. O capitel, dos mais decorados das ordens clássicas, é de forma campaniforme, com folhas de acanto e volutas envolvendo o tambor. O friso é contínuo e decorado e a arquitrave apresenta três bandas. A cornija é pouco saliente. Segundo as regras modulares, a coluna tem vinte módulos de altura e o entablamento cinco.
Entablamento- Coroamento de uma ordem arquitectónica. É composto de arquitrave , friso e cornija, variando e relacionando-se as suas proporções conforme a ordem a que pertence.
Estereóbato-  Soco em base nem cornija, sobre o qual assentam colunas.
Equino- Parte inferior dos capitéis, entre o ábaco e o fuso da coluna.
Dentículo- Ornato em forma de paralelepípedo colocado de modo a sobressair do fundo.
Estilóbato- Embasamento dotado de base e cornija, contínuo, sustentado colunata.
Friso- Zona do entablamento entre a arquitrave e a cornija na arquitectura greco-latina, normalmente sem decoração, excepto na ordem dórica, em que apresentam métopas e tríglifos.- Coroamento da fachada principal de um edifício, de uma porta, janela ou nicho.
Frontão - Coroamento da fachada principal de um edifício, de uma porta, janela ou nicho.
Fuste- Porção de uma coluna entre a base e o capitel. Pode ser monolítico ou constituído por tambores.
Gota- Ornato cónico ou piramidal geralmente aplicado na base de uma cornija, nos mútulos de um lacrimal ou na base do tríglifo da ordem dórica.
Lintel- Verga em madeira, perda ou ferro que se apoia nas ombreiras de uma porta ou janela.
Métopa- Intervalo entre os tríglifos do friso dórico da arquitectura grega. Pode ou não ser decorada.
Opistódomos- Casa fechada  na parte posterior de um templo antigo, com a função aproximada das actuais sacristias.
Pronau- Pórtico ou compartimento do templo clássico que dá acesso à cela.
Rampa- plano inclinado que permite a ligação entre dois pisos.
Tímpano- Superfície ou espaço entre as três cornijas do frontão. Pode ser liso, esculpido ou com óculo.
Tríglifo- Ornato do friso formado por dois sulcos ou glifos verticais, separados por três ressaltos.
Voluta- Ornato espiralado de um capitel ou coluna.

Fonte Bibliográfica: AA.VV. - Vocabulário técnico e crítico da Arquitectura, Coimbra: Quimera, 2005